Sarah Kalley
Em 19 de agosto de 1855, Sarah Kalley ministrou a primeira escola
bíblica a cinco crianças, filhas de duas famílias inglesas, contando a história
do profeta Jonas. Sem perceber, ela deu um importante passo na história das
igrejas evangélicas brasileiras. Sarah contou a história em língua portuguesa e
ajudou a organizar a Igreja Evangélica Fluminense, marco das Igrejas
Evangélicas Congregacionais no Brasil. Há 152 anos no país, a denominação
mantém como seus pilares principais as áreas de ensino e evangelismo.
Sarah Pulton Kalley desembarcou no Brasil em 10 de maio de 1855.
Procedentes da Inglaterra, ela, ao lado de seu marido, o missionário e doutor
Robert Reid Kalley, não tinham nenhum vínculo com qualquer entidade
missionária, mas estavam dispostos a realizar um trabalho profundo de
evangelização dos brasileiros, ajudando a resolver questões sociais no Brasil
Império. De acordo com o pastor Vanderli Lima Carreiro, relator da comissão que
estudou a história da denominação, antes do doutor Robert Reid Kalley, várias
tentativas de evangelização foi feitas no país, sem resultado e continuidade.
Nascido em oito de setembro de 1809 em Mount Floridan, próximo a
Glasgow, na Escócia, doutor Robert foi batizado aos 38 dias de idade. Aos dez
anos perdeu seu pai. Sua mãe se casou novamente, com David Kay, que criou
Kalley manifestando o desejo de que ele se tornasse um pastor. A boa obra viria
a se cumprir anos depois. Antes de se dedicar à obra de evangelização, Robert
Kalley iniciou seus estudos na área de Medicina, tornando-se médico de bordo, e
pôde, através disso, viajar o mundo conhecendo outras nações. Nessas viagens o
doutor conheceu a congregacional Sarah Poulton, e em 14 de dezembro se casaram.
Talentosa e visionária, trabalhando junto com os ingleses pobres, Sarah
coordenava uma oficina de costura para enviar roupas aos missionários fixados
em outros países. Por estar tão envolvida nesse contexto missionário, ela e o
doutor Kalley, durante uma visita à sede da Sociedade Bíblica Americana em Nova
York souberam da necessidade espiritual do Brasil. Ao retornar à Inglaterra, o
casal teve o chamado de largar tudo e vir para o país.
Chegando ao Rio de Janeiro, em 10 de maio de 1855, a família Kalley não
encontrou lugar adequado para desenvolver o trabalho que propunha realizar. Sem
local, foram a Petrópolis (RJ) e ali alugaram uma residência. Naquele local, no
domingo do dia 19 de agosto de 1855, Sarah Kalley ministrou a primeira escola
bíblica a cinco crianças. Nos domingos seguintes já funcionava também a classe de
adultos, dirigida pelo doutor Kalley. O ano posterior marcou a chegada de três
famílias portuguesas dentre os refugiados de Ilha Madeira. A convite do doutor
Kalley, essas famílias vieram ajudar na evangelização, sendo que em dez de
agosto de 1856, 10 crentes se reuniram no Morro da Saúde para o primeiro culto
da Igreja Evangélica Fluminense. Em 11 de julho de 1858, foi batizado o seu
primeiro convertido brasileiro, Pedro Nolasco de Andrade, no Rio de Janeiro.
Esse dia passou a ser considerada como a data da organização da “Igreja
Evangélica”, mais tarde denominada Igreja Evangélica Fluminense, para
distingui-la da igreja presbiteriana organizada pelo reverendo Ashbel Green
Simonton no início de 1862.
Robert e Sarah Kalley chegaram ao Brasil em 1855 e foram os precursores
da Igreja Congregacional, vindos da Inglaterra.
MÚSICA E PUBLICAÇÕES O casal Kalley, além da EBD, também tem pioneirismo
na parte musical. Foram eles que organizaram o primeiro hinário brasileiro, o
Salmos e Hinos, em 17 de novembro de 1861. Por ser o primeiro no gênero, foi
base para o Cantor Cristão, usado até hoje pela Igreja Batista, e o Hinário
Evangélico, usado também pela Igreja Presbiteriana. Os fundadores da Igreja
Congregacional também voltaram seus olhos para a área de ensino através da
publicação de artigos na imprensa diária, distribuição de folhetos, visita às
casas para propagar o cristianismo, instituição do culto doméstico e socorro
aos enfermos. O casal militou pelas causas sociais e, como era médico, doutor
Kalley ajudou a Comissão Sanitária a combater a cólera, doença que assolou
Petrópolis no tempo do Brasil imperial. Kalley faleceu, aos 79 anos, em 18 de
janeiro de 1888, e Sarah faleceu em 1907, aos 74 anos.
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