AS SEMANAS E OS MESES DE GRAVIDEZ
PRIMEIRO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
Pouco depois da fecundação, a grande atividade provocada no óvulo pela entrada do espermatozóide dá lugar a primeira divisão do ovo, da qual remitam duas células. No início do quarto dia acorrem 12 a 16 blastômeros; dizemos que está formada a mórula, que se apresenta como uma bola maciça, formada por células arredondadas e semelhantes entre si.
Dentro da pequena bola maciça, forma-se uma pequena cavidade; na parede que rodeia essa cavidade, as células se dispõem em dois grupos, uma amada superficial chamada trofoblasto, que irá nutrir e uma massa celular interna
O trofoblasto começa a crescer e emitir tentáculos para os tecidos uterinos circundantes. À proporção que os trofoblastos destroem mais tecidos e abrem mais vasos, o útero forma uma barreira de tecidos reforçados para a formação de um órgão definitivo para a nutrição do embrião em crescimento. Tal órgão é a placenta – massa discóide,presa ao embrião pelo cordão umbilical.
A parte verdadeiramente embrionária do ovo é chamada lâmina, formada pela dupla camada de células entre o saco amniótico e a vesícula vitelina. Esta lâmina recebe o nome de disco embrionário; a camada externa é o ectoderma; a interna é o endoderma. Logo a seguir forma-se uma terceira camada chamada mesoderma. O mesoderma além de ficar entre as duas camadas, também expande-se para a área extra-embrionária, para forrar o interior do trofoblasto e revestir âmnios e o saco vitelino.
Dentro dos limites do disco embrionário - extremidade cefálica do embrião - esses finos vasos se fundem até se formar o coração. Primeiramente a formação do tubo cardíaco, que, após várias transformações, chega a se formar o coração humano e por fim, contrair e dilatar, forçando o sangue a circular. Isso ocorre por volta do vigésimo quinto dia. Por essa mesma época, também surge o sistema nervoso. Na camada ectodérmica surge à placa neural, cujos bordos da mesma se alteiam como pregas, de modo a constituir um tubo.
Ao fim do 1º mês, o embrião humano mede aproximadamente 6mm de comprimento com a cabeça muito encurvada para diante, com uma pequena cauda pontuda recurvada abaixo do ventre, não tem face, apenas uma abertura ampla e funda. O coração é grande e por transparência percebemse no dorso, cerca de trinta e cinco blocos de tecidos, chamados de somitos, que darão origem às massas musculares. Também se observam os arcos branquiais com aparência que lembram costelas.
No interior do embrião já se acham esboçados órgãos do adulto: olhos, nariz, estômago, pulmões, rins etc.
SEGUNDO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
Já no segundo mês, o embrião possui uma face, que, embora grotesca, é inconfundivelmente humana; o pescoço liso suporta a enorme cabeça, os braços e pernas mostram dedos e artelhos, cotovelos e joelhos.
Ao encerrar o segundo mês, o maxilar inferior ainda é pequeno, o queixo é pouco pronunciado, o nariz é lago e chato, a olhos são muito distantes e a testa proeminente.
Há o aparecimento dos ossos no interior dos braços e pernas e a constituição dos músculos definitivos do indivíduo humano. Durante o 2° mês, surgem a moldes para os componentes da espinha dorsal (33 vértebras), das costelas (12 pares), omoplatas, clavículas, ossos dos braços (3), ossos do punho (8) ossos do pé (19). O segundo mês também é caracterizado pelo aparecimento do fígado, que no final deste, inicia sua função de secretar bile.
O apêndice Caudal (cauda), proeminente no primeiro mês, cresce muito lentamente, de modo que vai se tornando cada vez menos distinto, até incorporar-se á região inferior do tronco, correspondente á pélvis.
Concluindo, podemos dizer que neste período aparecem a primeiros centros de ossificação, principalmente no crânio e nas regiões dos ossos mais longos. Conseqüentemente o corpo perde alguma flexibilidade, salientam-se as formações do rosto e tornam-se também mais nítidos e diferenciados os membros e os dedos. A partir daí, o crescimento se processa com rapidez.
Devemos salientar como aspecto importante do desenvolvimento, que é neste período em que se estabelece em definitivo e padrão da organogênese (formação de órgãos), sendo o feto neste período mais sensível a ação dos agentes teratogênicos.
TERCEIRO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
Durante o terceiro mês, a boca, o nariz e a garganta sofrem uma melhoria considerável. Do assoalho da boca levanta-se uma cunha do tecido superficial na espessura dos maxilares superior e inferior. Logo essa cunha de tecido se fende em duas, por sulcos profundos do assoalho e na abóboda da boca. Há o aparecimento do gérmen do dente. A transformação de cada gérmen dentário em um dente é complexo.
Embora seja necessário passar mais seis meses para ouvirmos o choro da criança, no terceiro mês, as cordas vocais já surgem. No princípio, essas cordas são grossas e frouxas, sendo que, por volta do meio da gravidez, no seu interior aparecem fibras musculares e elásticas retesadas; porém, na época do nascimento, as cordas vocais são relativamente grossas e arredondadas.
O sistema digestivo do feto começa também a mostrar sinais de atividade. As células que forram o estômago começam a secretar muco. O fígado começa a despejar bile no intestino e inicia uma das suas funções mais importantes, embora temporária, transformar e lançar glóbulos sangüíneos na circulação. É então que surgem no sangue as primeiras células sangüíneas maduras, que são formadas no baço. Pouco a pouco o fígado assume o encargo do baço e mais tarde será, por sua vez, substituído pela medula óssea:
Há o aparecimento do pâncreas, o funcionamento dos rins, secretando urina que é gradualmente evacuada da bexiga fetal para o líquido amniótico.
Durante o terceiro mês, os órgãos sexuais externos do macho passam por um grande progresso; o pênis aumenta de comprimento e se rodeia por um sulco profundo que é o começo da glande. Finalmente a pele e os tecidos subjacentes da região que cerca a base do pênis se engrossam e constituem uma bolsa escroto primitivo. Os testículos ainda não se acham alojados no escroto, ficam na cavidade abdominal durante os sete primeiros meses de vida. Só um pouco depois do nascimento que os testículos descem para o escroto.
O embrião feminino durante este período não sofre muitas evoluções nos órgãos sexuais, sendo que no quarto mês esta evolução ocorre.
Recobrindo os órgãos internos acham-se os ossos e os músculos, que com seu crescimento ininterrupto e ativo traçam a forma e robustez do corpo fetal.
O nariz começa a se modelar; nas cartilagens das palmas das mãos e dos pés, dos dedos e artelhos, começam a surgir pontos de ossificação; os punhos e os tornozelos ainda continuam formados só de cartilagens.
Os batimentos do coração fetal são bastante fortes para poderem ser ouvidos por um estetoscópio.
Ao final do terceiro mês, o cumprimento está quase duplicado em relação ao mês anterior: o feto mede 9 cm e o peso já é de 40 gramas. O feto começa a movimentar-se dentro do saco amniótico, embora a mãe ainda não possa perceber os movimentos. O volume da cabeça em relação ao corpo é um pouco menor. As impressões digitais, palmares e dos artelhos estão agora bem desenvolvidas e podem ser claramente estudadas pelos métodos comuns. Portanto ao final desse período, o primeiro trimestre de desenvolvimento, todos os grandes sistemas de órgãos estão formados.
QUARTO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
No 4º mês: o comprimento é de cerca da 20 cm e o peso aproximadamente 200 gramas. A pele finíssima, é desprovida da camada gordurosa subcutânea. Esta condição de transparência dá ao feto a cor vermelha característica, correspondente à rede capilar e a tecidos irrigados de sangue. Os rins começam a funcionar, mas sem a função excretora típica. Os: rins, no quarto mês, filtram a água e resíduos catabólicos do sangue, emitem urina para a bexiga e daí para o líquido amniótico, que é deglutido pelo feto. Portanto, os resíduos voltam ao sangue. Para eliminá-los é preciso que o sangue fetal os transporte pelo cordão umbilical, até a placenta.
Durante o quarto mês a mãe começa a perceber os movimentos fetais O início dos movimentos perceptíveis é um dado importante, na obstetrícia clínica, para cálculo da data provável do parto, quando a mulher tem dúvidas quanto á data em que se interrompeu e menstruação, ou para confirmar essa informação preliminar. Neste período o esqueleto ósseo está em formação e pode ser visualizado por meio de raio X. O corpo do feto vai-se cobrindo de uma capa protetora cascosa.
QUINTO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
O feto de cinco meses é uma criatura de pele enrugada, medindo cera de 30 cm de comprimento e pesando mais ou menos 450 gramas.
Depois que todos os órgãos internos já foram arquitetados, a pele e seus derivados se apressam por chegar à forma final.
Os derivados da pele, como cabelos, cobrem todo o crânio e seu corpo está coberto com um pólo macio denominado lamigo ou lanugem. Aparecem as unhas dos dedos e dos artelhos. A principio a unha é recoberta por uma camada compacta de células lulas semelhante à cutícula da unha madura. Esse revestimento é geralmente provisório, caindo antes do nascimento, embora às vezes possa ser visto em recém-nascidos. Ë igualmente por essa época que se mostra o revestimento de esmalte e a dentina nos gérmens dentários dos dentes-de-leite.
O coração e os pulmões jazem na região do futuro pescoço; o fígado, estômago e mesonefros ficam no futuro peito, e o cordão umbilical fica ao nível do futuro diafragma. O abdome e a pelve são tão reduzidos que praticamente não existem. Depois, à medida que a parede abdominal se desenvolve, os órgãos, conservando suas relações recíprocas, vêm gradualmente a se colocarem em níveis ceda vez mais baixos em relação ás costas.
Sucede assim, que o coração acha-se na porção superior do peito; ao nascer acha-se no meio deste. O fígado e o estômago descem do peito para o abdome que vai crescendo durante os quatro últimos meses de vida fetal.
Esse deslocamento é gradual para baixo na posição dos órgãos, chamado a descida das vísceras.
O aparelho digestivo e a bile são lançados no intestino, onde se processa uma digestão rudimentar de células, de lanugem e outros resíduos que o feto deglute com o líquido amniótico. O pequeno volume de material sólido, juntamente com os sucos digestivos e a bile, assumem cor esverdeada, característica da bile oxidada, e vai sendo depositado no tubo intestinal. Na ocasião do nascimento, este material denominado mecônio, terá alcançado volume suficiente para fechar os segmentos inferiores do intestino da criança. O mecônio representa as primeiras fezes do recém-nascido
O coração que bate de 120 a 160 vezes por minuto, pode ser ouvido com um estetoscópio. O feto de cinco meses já elimina algumas de suas células e as substitui por novas, processo que continuará durante toda vida. Entretanto, ainda não consegue sobreviver fora do útero materno. Neste período a placenta cobre cerca de 50% do útero.
SEXTO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
Durante o sexto mês, as pálpebras, que desde o terceiro mês, se haviam colado, reabrem-se, descobrindo uns olhos inteiramente formados que, no mês seguinte, adquirirão sensibilidade específica à luz. Assim acabado, o olho humano acha-se pronto para desempenhar seu papel capital na percepção do mundo exterior. Geralmente quando os olhos se abrem pela primeira vez, no sexto mês, existe uma membrana opaca e delgada, chamada membrana pupilar, estendida sobre a pupila ocular. Normalmente essa membrana desaparece no decorrer do sétimo mês, embora ás vezes persista até ao nascer. A íris não adquire sua pigmentação completa, sendo que os recém-nascidos têm a íris azul-cinzenta, qualquer que venha a ser a cor de seus olhos no futuro. Os cílios e as sobrancelhas surgem em geral neste período.
Os lábios exibem uma delimitação bem nítida. Os pulmões do feto de seis meses já são suficientemente desenvolvidos para poderem respirar poucas horas, caso venha nascer prematuramente.
Neste período o peso do feto chega a alcançar um quilo. As glândulas sebáceas da pele começam a secretar um exsudado denso e untuoso denominado por verniz caseoso, que permanece aderido à pele. O verniz caseoso protegerá a pele delicada do feto durante o trauma do trabalho de parto e contribuirá para evitar possíveis lesões.
SÉTIMO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
No feto de sete meses, seu sistema nervoso parece estar bastante desenvolvido para poder satisfazer suas necessidades de vida independente, embora ainda longe de estar acabado, durante os restantes dois meses de vida fetal e nos primeiros meses de vida pós-natal vias nervosas e muitas novas cadeias de nervos relacionados têm que se formar para que possa considerar maduro o complexo e intrincado mecanismo que é o cérebro humano.
Ao 7° mês, é possível registrar ondas cerebrais através do abdome da mãe, provindas do córtex cerebral do feto. Pesquisas recentes indicam que o consumo de proteínas pela mãe durante esse período é de extrema importância para assegurar pleno desenvolvimento do sistema nervoso da criança e, assim, assegurar também suas potencialidades totais em termos de inteligência.
No indivíduo masculino o sétimo mês assinala o começo de um acontecimento importante, que vem a ser a descida dos testículos para as bolsas escrotais.
Ao fim do sétimo mês de gestação o feto pode medir uns 40 centímetros de comprimento e pesar cerca de 1.700 gramas. A meada de gordura subcutânea ainda é muito fina, o que dá certa transparência à pele, que se apresenta rugosa. Neste período o feto é considerado viável, porque todos os aparelhos estão suficientemente desenvolvidos para garantir uma sobrevivência precária. Os sistemas de regulação ainda não garantem controle eficaz do metabolismo, isto é, os processos de trocas celulares, síntese de proteínas, assimilação de hidratos de carbono e outros processos bioquímicos. No entanto, esta debilidade do prematuro é atualmente compensada, pela disponibilidade de recursos físicos e terapêuticos e pelas técnicas de assistência posterior ao parto. O desenvolvimento da puericultura (nos casos de prematuros a cargo dos berçaristas) contribui para aumentar as chances de sobrevivência das crianças nascidas após sete meses de gestação.
Nas últimas oito semanas de gestação, o ganho de peso do feto é muito rápido, de 200 a 250 gramas, per semana. As gorduras subcutâneas se depositam em camadas mais espessas e atenuam a cor vermelha da pele, além de torná-la mais suave. Os membros se tornam gradualmente mais cheios e firmes.
OITAVO MÊS DE DESENVOLVIMENTO
Os membros se tornam gradualmente mais cheios e firmes. Com oito meses, o feto mede uns 45 cm e pesa cerca de 2,5 Kg. As condições de sobrevivência são melhores do que as do sétimo mês, apesar da superstição, cientificamente infundada, que atribui chances menores de sobrevivência ao prematuro de oito meses. Devemos ressaltar também que neste período a fisiologia do feto se torna cada vez mais semelhante à do adulto. Por esta razão, os agentes que afetam a fisiologia da mãe passam a ameaçar a do feto. Um exemplo disto são as crianças que nascem com o vício da maconha, heroína e outras drogas.
NONO MÊS DEDESENVOLVIMENTO
Pronto para vir ao mundo, com todos os seus órgãos constituídos e prontos para entrar em funcionamento, o tenro ser humano passa pelos últimos toques de sua anatomia para uma vida independente assim que nascer.
Nestes dois meses, ele lucra mais ou menos um quilo no peso e 5 centímetros na estatura. As rugas e a flacidez da pele somem com o recheio de gordura que se opera rapidamente. Arredondam-se os contornos do corpo, principalmente nos braços e pernas. A própria íris dos olhos está sujeita a essa acentuação ulterior do pigmento. O corpo acha-se em parte recoberto ainda pelo induto de matéria sebácea que tem o nome de verniz caseosa; as unhas crescem bastante e é freqüente ultrapassarem, por ocasião do nascimento, as pontas dos dedos e dos artelhos.
As gengivas passam a exibir uma aparência de rugas e sulcos. As papilas gustativas, que durante os sete meses, são muito numerosas e mais amplamente distribuídas no interior da boca e na garganta do que sucede no adulto normal, sofrem agora uma regressão ou degeneração parcial, de maneira que o feto a termo tem menos papilas gustativas do que o prematuro de sete meses.
As glândulas mamárias atingem seu pleno desenvolvimento fetal durante esse período e os canais que drenam a glândula para a superfície do mamilo, se completam e abrem a sua luz. No intestino, uma massa verde e escura, viscosa de secreções acumuladas do fígado, do pâncreas e das glândulas digestivas, foi propelida lentamente por contrações ondulantes e lentas do intestino delgado para o grosso intestino, onde ao nascer, se acha prestes a evacuar.
Uma vez quase completados os nove meses de vida intra-uterina, e já não tardando que o feto seja expulso do útero, interessa observarmos a posição, as condições do feto e os seus envólucros. O feto dentro do útero pode ocupar qualquer posição possível; na maioria das vezes fica de cabeça para baixo, nádegas para o alto, o dorso paralelo ao dorso materno, e com as pernas e braços dobrados diante e junto ao peito. O cordão umbilical, que tem aproximadamente comprimento igual ao do próprio feto (50 centímetros), descreve um trajeto tortuoso e volteante do umbigo do feto até a placenta, que se acha aderida à parede uterina. A placenta é discóide e espessa de tecido esponjoso, pesando 450 g, em cujo interior os vasos maternos e fetais entram em contato. Ao mencionar a placenta e o cordão umbilical abordamos o último aspecto da anatomia fetal e de sua fisiologia, que nos merecerá maior atenção, e que vem a ter particular importância durante o nascimento; queremos nos refará à circulação do sangue do feto através dele próprio, do cordão e da placenta. Nos dias que correm, não se ignora que o sangue humano circula ininterruptamente através do corpo, em um sistema fechado de vasos, impulsionado pelos batimentos do coração. O sangue passa do coração às artérias e delas aos pequenos capilares, onde o seu precioso conteúdo é aproveitado em parte para o consumo celular, depois se coleta pouco a pouco para voltar ao coração, por meio das veias. Além disso, um sistema especial de artérias e veias leva o sangue do coração aos pulmões onde ele absorve oxigênio, e torna ao coração entre duas voltas pela circulação geral.
Ora, no feto, há duas circunstâncias especiais que modificam esse tipo de circulação - primeiro, a inatividade dos pulmões e, segundo a grande atividade da placenta como única fonte de alimentos e de oxigênio para o feto.
É forçoso, portanto, que o sangue durante o seu trânsito pelo corpo, seja levado através das grossas artérias umbilicais e pelo cordão umbilical até a placenta. Aí depois de ter-se carregado de alimentos e oxigênio, volta ao feto por uma calibrosa veia que também percorre o cordão umbilical. Em seguida passando pelo fígado vai ter ao coração, para recomeçar novo círculo através do corpo. Deveria, normalmente passar pelos pulmões primeiro, mas como estes não se acham em funcionamento essa volta inútil é suprimida temporariamente por um desvio, um vaso especial chamado "canal arterial", que leva o sangue destinado ao pulmão, diretamente à circulação destinada ao corpo (circulação geral). É claro que ao nascer, assim que a criança respira efetivamente e que a placenta se desprega do útero, algo tem que se suceder no concernente a essas duas particularidades da circulação fetal.
Já se notam, com o prenunciar do nascimento que se aproxima - aliás um sinal da necessidade de nascimento - certas modificações no aspecto da placenta. Parece que ela envelhece; surgem manchas de degeneração celular em sua superfície; são ilhotas de tecido duro, fibroso, de células em degeneração, que tornam certas áreas da placenta inaptas para funcionar; em outros pontos pode apresentar coágulos sangüíneos, maciços, que interrompem nesses pontos a passagem do sangue materno.
Esses fenômenos indicam que a placenta acerca do fim de sua capacidade funcional e, uma vez cessada essa função é mister que o feto assuma o encargo de garantir e proteger por si próprio seus tecidos e órgãos.
Nos últimos dois meses de gravidez, o comprimento do feto supera o do útero, o que justifica a característica posição de Buda: cabeça inclinada sobre o tórax, braços cruzados diante do tronco e pernas dobradas e cruzadas. O feto naturalmente tende a assumir tal postava antes mesmo da necessidade de acomodação. Na maior parte dos casos, a cabeça está voltada para baixo, em correspondência com a entrada da bacia, enquanto as pernas e nádegas se adaptam ao fundo do útero, o que explica o fato de os movimentos fetais, mais vigorosos na flexão das pernas agirem sentidos pela mãe na parte alta do abdome.
Durante o último mês de vida uterina, a criança geralmente adquire anticorpos da mãe, que defendem o corpo da criança contra o ataque de alguns microrganismos. Tal imunidade é somente temporária, pois estes anticorpos permanecem no sangue da criança até o 2° mês de vida pós-natal e devem ser substituídos por anticorpos sintetizados pelo próprio sistema imune da criança. Também no último mês, a velocidade de crescimento diminui, se continuasse com o mesmo ritmo no seu primeiro aniversário a criança, pesaria 100 quilos.
NASCIMENTO
A data do nascimento é calculada para 266 dias depois da concepção ou 280 dias após o início do último período menstrual regular. O parto é dividido em três etapas: dilatação, expulsão e estádios placentários.
A dilatação dura de 2 a 16 horas, sendo mais longa no primeiro parto que nos anteriores, começa com as primeiras contrações do útero e termina com a plena dilatação ou abertura do cérvix uterino. No início deste período as contrações uterinas ocorrem em intervalos de cerca de l5 a 20 minutos e são relativamente suaves; gradativamente as contrações tornam-se mais fortes e ocorrem em intervalos de 1 a 2 minutos. A essa altura, o colo uterino está dilatado para cerca de 10 centímetros de diâmetro, sendo que geralmente nesta fase é que ocorre o rompimento do saco amniótico, com eliminação do líquido amniótico.
O segundo período, a expulsão, dura de 2 a 60 minutos. Começa com a plena dilatação do colo uterino e o aparecimento da cabeça da criança (coroamento). As contrações duram de 50 a 90 segundos e repetem-se em intervalos de 1 a 2 minutos.
O terceiro período é o placentário que começa após o nascimento. Implica em contrações do útero e a expulsão pela vagina, de fluído, sangue e finalmente da placenta, que está ligada ao cordão umbilical. Contrações uterina menos intensas continuam, elas permitem parar a hemorragia e fazer com que o útero volte á condição e tamanho anteriores à gravidez.
A dilatação do colo do útero e a distensão da cúpula da vagina determinam a sensação dolorosa das contrações do parto. As contrações da expulsão da placenta são indolores porque não repercutem sobre o colo do útero nem sobre a vagina. A sensação de dor, naturalmente, varia conforme a sensibilidade individual da mulher. Para algumas, as contrações do parto são toleráveis como as cólicas menstruais. Para outras é um tormento incomparável. Interferem aí fatores culturais e de preparo psicológico. A serenidade procurada no preparo psicoprofilático do parto eleva sensivelmente o limiar de sensibilidade, o que torna as dores suportáveis.
Devemos lembrar que o elemento essencial para o desencadeamento das contrações é a ocitocina, hormônio liberado pelo lobo posterior da hipófise. Durante a gravidez, a ocitocina não atua sobre o útero por motivos ainda controvertidos. Alguns pesquisadores acham que é porque a progesterona, secretada pela placenta, impede a contração uterina. O teor de actinomiosina (proteínas contráteis das fibras uterinas) é outro fator determinante do início do parto. Durante a gravidez, a quantidade destas duas proteínas aumenta gradualmente no útero. No final da gravidez, as fibras com maior teor destas duas proteínas, denominadas maduras, respondem á ação da ocitocina. Assim por feed back a ocitocina desencadeia as contrações, que, por sua vez, estimulam a liberação de mais ocitocina, num círculo vicioso crescente.
Formação de gêmeos
Os gêmeos podem ser dizigóticos ou fraternos, quando resultam da fertilização de dois óvulos por dois espermatozóides diferentes, podendo ser do mesmo sexo ou não- Geralmente apresentam dois âmnios e dois córios, mas os córios e as placentas podem estar fundidos.
Já os gêmeos monozigóticos, pelo fato de resultarem da fertilização de um óvulo, são do mesmo sexo, geneticamente idênticos e muito parecidos fisicamente. As diferenças físicas existentes entre eles são causadas por fatores puramente ambientais. Geralmente a gemelalidade monozigótica começa por volta da primeira semana de gravidez, quando o embrioblasto se divide em duas massas celulares distintas Posteriormente desenvolvem-se dois sacos coriônicos e amnióticos, mas a placenta é única para ambos e freqüentemente observa-se a junção de vasos placentários, mas estas anastomoses não afetam ambos os embriões, pois na maioria das vezes são bem equilibradas.
A incidência de gêmeos dizigóticos é comum numa mesma família o que mostra que existe algum significado hereditário neste processo; entretanto isto não é válido para os monozigóticos.
CONCLUSÃO
O âmnio, saco vitelino e alantóide compreendem os anexos humanos. Embora os anexos embrionários derivem da própria célula-ovo, não fazem parte do embrião propriamente dito, exceto a parte dorsal do saco vitelino que é incorporado ao embrião como intestino primitivo e uma porção do alantóide que persiste no adulto sob forma de um ligamento fibroso, o úraco, que une o teto da bexiga ao umbigo.
O cório reapresenta a parte fetal da placenta, já que a outra porção da placenta é derivada do próprio epitélio endometrial, que durante a gravidez recebe o nome de decídua (do latin deciduus, queda) por ser eliminada durante o parto. Durante a gravidez as células deciduais tornam-se volumosas e acumulam grande quantidade de lipídios e glicogênio, mas seu total significado não é conhecido até hoje, postulando-se que as mesmas estejam envolvidas na nutrição do embrião, na proteção do tecido materno contra uma invasão descontrolada do trofoblasto e finalmente sugerem-se que as mesmas tenham função hormonal.
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